Cerca de um terço dos caminhoneiros autônomos no Brasil não possui contas em banco. A taxa de 30% de desbancarizados entre os motoristas é três vezes maior do que o estimado para toda a sociedade brasileira, que possui cerca de 10% da população sem acesso ao sistema bancário.
Os dados fazem parte de um levantamento feito pela Telerisco, uma gerenciadora de riscos de transporte rodoviário, e pela a Roadcard, uma gestora de pagamento eletrônico de frete e pedágio.
A pesquisa levou em conta o banco de dados das duas empresas. A Telerisco possui cadastro com cerca de 1,5 milhão de caminhoneiros autonômocs, além de dados de transportadoras, operadores logísticos e embarcadores. Já a Roadcard tem um banco de dados de cerca de 300 mil caminhoneiros.
De acordo com o CEO da Roadcard, Felipe Dick, os caminhoneiros acabam se mantendo no mercado informal e sem acesso a bancos por conta da dificuldade de comprovar renda, já que muitos recebem via carta-frete, modalidade de pagamento proibida por lei, mas ainda utilizada no país.
“A carta-frete não serve como comprovante de renda por ser uma espécie de ‘vale’ entregue ao motorista, que ele deve ir trocando por combustível, alimentos entre outros em postos conveniados”, diz. “Sem comprovação de renda, muitos autônomos não conseguiram ter acesso a produtos financeiros”, completa.
Governo tem promessas
Convivendo com ameaças de greve e para tentar agradar parte da categoria que o apoiou em 2018, o presidente Jair Bolsonaro tem feito promessas de ajuda aos caminhoneiros.
Segundo o ministério da Infraestrutura, a bancarização é um dos objetivos do governo que trabalha para ampliar a formalização no setor e deve regulamentar até março o DT-e (Documento Eletrônico de Transporte), que foi aprovado na Câmara e no Senado no ano passado.
Para o CEO da Roadcard, o uso do DT-e pode ajudar a mudar o cenário de baixo acesso ao sistema bancário. “Existem 1,5 milhão de caminhoneiros autônomos no Brasil e o DT-e servirá como carta-creditícia, uma comprovação de renda, possibilitando antecipação de crédito e acesso a serviços financeiros de prateleira”, afirma.
Incentivo ao empreendedorismo
Não há um número oficial de motoristas autônomos. No Ministério da Economia, por exemplo, os dados mostram um universo um pouco melhor do que o levantado pelas empresas.
“Alguns estudos indicam que cerca de 1,2 milhão de transportadores autônomos continuam na informalidade e, muitos deles, têm dificuldade de atuação devido à falta de emissão de notas fiscais”, diz o Subsecretário de Micro e Pequenas Empresas, Empreendedorismo e Artesanato do Ministério da Economia, Henrique Reichert.
O secretário salientou que o governo tem incentivado o empreendedorismo para formalizar os caminhoneiros. No último dia do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro sancionou o chamado MEI-Caminhoneiro, que visa facilitar a inclusão dos caminhoneiros no regime previdenciário. “Com a formalização via MEI, os transportadores vão emitir notas fiscais e também obter benefícios de seguridade e de aposentadoria”, disse, em nota.
Fonte: UOL Economia