Mercado segurador pode crescer 8,4% num cenário positivo em 2019, segundo CNseg

2019 vai ser um ano desafiador, mesmo com as previsões otimistas. Num cenário otimista, o avanço do setor chega a 8,4% e num pessimista a 6,3% (sem considerar o seguro DPVAT). “Seja qual for a política que o novo governo implementar, todos os segmentos de seguros serão contemplados, pois o setor faz parte da resiliência das economias em qualquer país do mundo, seja para apoiar a saúde da população, administrar a renda para a aposentadoria, bem como mitigar riscos dos projetos de infraestrutura tão necessários para o crescimento do Brasil”, enfatizou Marcio Coriolano, presidente da CNseg, durante a coletiva de imprensa realizada na sede da confederação das seguradoras no Rio de Janeiro.

A expectativa de faturamento do setor para 2018 é de R$ 442,1 bilhões, crescimento nominal de 3,1% em relação ao ano anterior. Em termos reais o setor não cresceu neste ano, mas a estabilidade nominal é comemorada pelos associados da confederação ao ser considerado o período de crise vivenciado pelo Brasil nos últimos anos. Segundo ele, não dá para olhar mais o setor pela média, pois alguns nichos são mais beneficiados, ou prejudicados, que outros diante das mudanças na economia. “Seguro de carro, por exemplo. Se a venda de veículos cai, o seguro acompanha. Se o governo suspende investimentos em infraestrutura, o seguro de grandes riscos sofre com tal política”, explica.

A variação do cenário positivo e negativo se dá pelas previsões dos analistas financeiros dos indicadores macroeconômicos, principalmente do relatório Focus, divulgado pelo Banco Central às segundas-feiras. “Em cima dessas projeções, tem questões mais afetas aos diversos segmentos do setor, como vendas de carros pela Anfavea até a área plantada sinalizada pelo Ministério da Agricultura”, explicaram os executivos presentes no evento.

O segmento de auto, por exemplo, passa de 6,8% no cenário otimista de 2018 para 8,9% em 2019. Em rural, 2018 teve um desempenho excepcional em 2018, com projeção de encerrar o ano em 15,9%. Já em 2019, a expectativa com subsídio rural é menor e a projeção otimista chega a 9,1% e a pessimista 5,4% para o próximo ano. “O crescimento do PIB, do emprego e da renda são itens essenciais para mover o mercado segurador, bem como a conquista de novos consumidores com produtos inovadores que estão sendo desenhados pelas companhias do setor que buscam miminizar a lacuna de proteção que as estatísticas mundiais nos mostram”, citou Coriolano.

Apesar de o Brasil ser a oitava economia do mundo, é o 12o colocado no ranking de seguros e 45o em arrecadação per capita em seguros. “Isso mostra o tamanho do potencial do setor em avançar para garantir que os projetos da sociedade se concretizem mesmo diante de imprevistos”, ressaltou. “Já se avançou muito, mas a necessidade de proteção da sociedade é ainda imensa”, afirma o executivo, mostrando dados como apenas 30% da frota de veículo nacional ter seguro, 14% das residências com proteção securitária e 24% da população coberta por plano de saúde privado. Em previdência, o potencial é ainda maior. Apenas 9% da população em idade ativa ou 13% da economicamente ativa possui planos de previdência privada. Outros nichos potenciais são de seguro para pequenas e médias empresas, de seguro que envolvam o agribusiness e planos odontológicos.

Coriolano ressaltou que as estrangeiras aumentaram suas apostas no setor segurador. Enquanto as seguradoras ligadas a bancos registraram aumento da participação de 2008 para 2018 de 86% para 89% em cobertura de pessoas, as estrangeiras avançaram em ramos elementares, passando de 46% para 48% considerando as seguradoras ligadas a bancos e de 29% para 36,7% no nicho de sociedades vinculadas a instituições estrangeiras. “Isso foi fruto da aquisição de carteiras de grandes riscos de bancos, como da Bradesco pela Swiss Re, ou da Itaú pela Chubb”, citou.

Regulação – Alexandre Leal, diretor técnico da CNseg, destaca a agenda regulatória em 2018, como a autorização para venda de seguros por meios remotos, a instalação da comissão de inovação e insurtech e a reforma do arcabouço regulatório do segmento de títulos de capitalização. “Também foram promulgadas normas para a revisão do sistema de controles internos, governança e auditoria interna”, comentou. “Para o consumidor final foi muito importante essa revisão. É um olhar muito atento da Susep na governança.”.

Em saúde, a regulação também foi enfatizada em 2018. “A agenda da ANS ficou mais presente na sociedade e trouxe muitos avanços para o setor, como a discussão da nova metodologia de reajuste. “O modelo foi testado pela Agência e visa recompor custos trazendo eficiência para todos. Tem de estar bem ajustado para cobrir todas as despesas e assim garantir a sustentabilidade do sistema”, destacou Solange Beatriz, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar. Outra pauta importante da saúde estão os produtos de co-participação e franquia, ainda em discussão. Segundo Solange, a regulação prudencial avançou muito e traz maios segurança para todos.

“O setor ficou praticamente ileso da crise, sem qualquer necessidade de intervenção, o que mostra a boa solvência”, destacou o presidente da CNseg. “É um setor muito regulado e isso se mostrou positivo diante da crise onde vimos várias empresas de outros setores em dificuldades financeiras”. São 118 seguradoras, 137 resseguradoras, mais de 1 mil de saúde, 90 mil corretores de seguros, 150 mil empregos gerados diretamente e 2,2 mil profissionais peritos, avaliadores de seguros e auditores atuariais.

Para 2019, a expectativa está em regulamentar o seguro garantia para obras, com até 30% do valor garantido por seguros, e a lei geral de proteção de dados, que deve trazer impactos significativos para todo o setor que movimenta uma quantidade enorme de dados de clientes, principalmente na área de saúde. “A agenda de garantia é positiva para o país pois o seguro dá prosseguimento a obra, mesmo se alguma das empresas envolvidas entrar em falência”, disse Miriam Mara Miranda, diretora de relações institucionais da CNseg.

Outra pauta é com as associações e cooperativas. Neste ano, o PLP 519/2018 foi divulgado e está no Congresso Nacional. Ele visa enquadrar as cooperativas e associações, até agora consideradas irregulares por vender produtos como seguros sem ser seguradoras, sejam regulamentadas. “Elas atuam de forma irregular, com inúmeras delas sendo investigadas pelo Ministério Público”, destacou Luiz Tavares, diretor e consultor jurídico da CNseg.

Quanto a possível fusão da Susep com a Previc, Coriolano citou que o setor entende a necessidade de contenção de custos perseguida pelo governo. “Mas é preciso analisar muito cautelosamente, pois as entidades envolvem setores diversos e é importante avaliar a efetividade do modelo que for adotado. A Previc representa somente as entidades de previdência fechada. Já a Susep cuida de vários segmentos, para que a fusão não percad a capacidade analítica dos setores”, disse.

Futuro – A CNesg resumiu um documento que foi produzido para os presidenciáveis, mas que agora tem como alvo a equipe do governo de Jair Bolsonaro. Como sugestão, a entidade cita a necessidade de políticas macro e microeconômicas priorizarem os produtos que o setor privado pode apoiar o Estado, como saúde, previdência e financeiros, por exemplo. Também foi enfatizada a ampliação do acesso dos consumidores por meio de novos produtos e canais de distribuição, soluções para os desafios da longevidade e a manutenção das garantias contratuais. “Tais medidas ajudam o setor, mas o que realmente determinará o bom desempenho do mercado segurador é o crescimento do PIB, do emprego e da renda”, finalizou Coriolano.

 

Fonte: Site SonhoSeguro

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